desci do ônibus
querendo me perder no eixão. e teve um momento em que a razão perdeu a vez para
a sensação. dai do nada ao atravessar de vez o eixo e me perder nas luzes dos
carros, apareceu um homem no meio-fio.
ele apenas tirava
fotos dos carros no eixão, enquanto eu queria atravessar aquele abismo. eu
fiquei observando o gesto dele, o cabelo dele, até ele terminar o que precisava
fazer e descer para a passarela.
eu não atravesso
passarelas à noite, mas eu não resisti e me cedi ao desejo de ir atrás daquele
homem desconhecido. quanta vida tinha
aquela passarela, era isso o que ele queria me mostrar.