segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Distante do amanhecer

Distante do amanhecer:
Olhando estrelas
Vejo bem mais que céu.
Procurando estrelas
Encontro minh'alma.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

I

Tudo que existo é poeira e céu
E quando chove, minhas sobrancelhas
sorriem em linhas tão fininhas
que a vergonha escorre que nem choro

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012



bras-ília

                     a    n        d                   a

     i  nu   nda      da

de                                sol  idão             chu venta.

                      l ama-me! la ma-me! 
estar sozinha em brasília
é estar vestida dela.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

samba triste
faz batucada
no meu coração
já castigado
samba tão triste
trás certas madrugadas
Brasília solitária
mulher sem cais
dança na calçada
na neblina
descalça
na garoa fina
da madrugada despedida
sambra triste de letra pobre
sem rima
ecoando em mim

Timbaúba

A poesia que corre na minha veia,
Tem gosto de açúcar.
Calibre de foice.
Cheiro de humanidade.
Resistência.
O sangue na minha poesia é pernambucano.

eu passarinho SIM!



se você não afeta não está vivo. se você não é afetado está morto. é assim que as coisas parecem ser. E por mais que todos os dias eu aprenda mais sobre a minha inteligência enquanto corpo, e mais sei onde estão as pernas, tenho andando, entre esse aglomerado de gente desesperada, sem chão e almoçando sozinha, no fundo de um funil com aqueles tropeços de quando acaba o meio fio e começa a pista sem a que nós percebamos. Cadê o chão? Desaba, desaba, desaba, desaba...
São tantas referências estranhas que do nada aparecem e se tornam referências e que eu nem queria. Isso tudo que dá todo esse complexo de inferior, uma sabotagem constante.


.



o tempo satisfaz uma espera que é de vontade,
como estar por um fio no Estar
e a sensação de dentro de vidro, que faz os passos ficarem mais incertos, mais longe do chão a cada pisar, como constantemente a errata do não-voar.

eu gosto de olhar para os meus pés enquanto ando e falar bem baixo todos os meus segredos quando o vento sopra forte e as vozes uníssonas são ruído.
 

o vento veio e secou o suor das minhas mãos, ele não trouxe ninguém de volta. é o mesmo desencorajamento de sempre,
 
mas dessa vez respirar foi um fiapo de corrente de alívio.
quando uma resposta está apenas no caminho da espera, sua existência independe de interlocutor,
 
é um caminho etéreo - não há elemento físico, apenas a expectativa: quando o peito engole as palavras que vibram no ar.
sempre almejo ser alguém melhor, desejar bom dia aos mal humorados. É silenciosa a minha existência,
 
não são muitas as palavras que sei dizer.

Nós temos um problema, é uma estranheza que causa isso,
 
de respirar.
mas seus amigos jamais estarão embriagados o
 
suficiente pra entender
que esse mundo
pulsa

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Claro Calar sobre uma Cidade sem Ruínas (Ruinogramas)

Em Brasília, admirei.
Não a niemeyer lei,
a vida das pessoas
penetrando nos esquemas
como a tinta sangue
no mata borrão,
crescendo o vermelho gente,
entre pedra e pedra,
pela terra a dentro.

Em Brasília, admirei.
O pequeno restaurante clandestino,
criminoso por estar
fora da quadra permitida.
Sim, Brasília.
Admirei o tempo
que já cobre de anos
tuas impecáveis matemáticas.

Adeus, Cidade.
O erro, claro, não a lei.
Muito me admirastes,
muito te admirei.

LEMINSKI, Paulo. Distraídos venceremos.4. ed. São Paulo: Brasiliense, 199.