ônibus pra sobradinho. vazio. cadeiras pra sentar, barulho do motor suportável, cobrador simpático. na plataforma superior da rodoviária, ele encheu. chega a ficar parado alguns minutos enquanto as pessoas sobem. praticamente todo mundo de sobradinho. um ônibus inteiro com gente de outra cidade. é um pedaço de sobradinho que trafega pelo eixinho. uma ilha móvel com seu estandarte na frente em letras luminosas: SOBRADINHO. na minha frente um casal de namorados, por sorte, conseguiu dois lugares vazios. sentam e se beijam. longamente. acho que naquele momento o resto do ônibus deixou de existir. "a senhora quer sentar? eu desço logo ali no começo da asa norte." ela agradeceu e aceitou. não esboçou um sorriso. o rosto cansado. o corpo também. além do próprio peso, carregava uma sacola grande com alças no ombro e duas sacolas de supermercado. a moça sentada do lado pareceu agradecer no lugar da outra. deu um largo sorriso. calor. "papai sabia que eu te amo?" "sei filhão. papai também te ama." era a conversa nos bancos de trás. além do amor compartilhado, falaram também sobre yoda, guerra nas estrelas e espadas lasers. o pai acompanhava bem o assunto. muitas outra coisas aconteceram. coisas que eu não tive a sorte de ouvir. coisas que as pessoas vivem todos os dias compartilhando a cidade. dias mais poéticos, outros mais sórdidos, mas todos recheados de gente. que bom. sozinho dentro do carro ouvia só o meu silêncio.
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